Num primeiro momento o leitor poderá pensar que houve um erro na revisão editorial, pois se perguntará o que a corrupção tem a ver com as negociações salariais, com as greves e com os impostos abusivos.
Eu diria: tudo.
Na verdade a corrupção tem tudo a ver com nossas vidas, mas infelizmente, graças ao baixo nível educacional do nosso povo, ela paira leve e solta em todos os segmentos de nossa sociedade, de forma espantosa e perigosamente crescente, sem que nada seja feito.
Apenas uma pequena - mas muito pequena mesmo - parcela da sociedade reclama desse absurdo. O problema é que ela não consegue se quer ser ouvida.
Essa grave doença - a corrupção - que envergonha um povo decente como o brasileiro, interfere de forma decisiva em todas as áreas vitais do país, como: Educação, Saúde, Moradia, Saneamento Básico, Segurança Pública, Lazer, Transporte Público, Cultura, entre outros. E também interfere nas chamadas “negociações salariais”.
A corrupção tomou conta de muitos setores, é verdade, mas de forma ainda mais evidente da classe política brasileira. São raras as exceções. Hoje, chegamos ao absurdo dos pouquíssimos políticos honestos se vangloriarem de serem honestos, de trabalharem todos os dias, como se isso fosse algum grande diferencial. Ora, ser honesto e trabalhador é obrigação de todos nós e, principalmente, dos políticos que decidiram representar o povo.
O pior é que esses políticos corruptos trazem prejuízos às negociações salariais.
Mostrarei esse lado um tanto obscuro da questão.
Observemos o que tem acontecido neste segundo semestre de 2011 com as principais negociações salariais e importantes greves: funcionários dos Correios (a paralisação terminou por força de decisão judicial, mas provocou incalculáveis prejuízos à população), bancários, várias pequenas empresas metalúrgicas, químicas, e muitas outras.
O problema não se limita somente às greves. Ele envolve, invariavelmente,
empresários sérios que lutam todos os dias para manter o seu negócio e os empregos por ele gerado, e, de outro lado, os trabalhadores, gente que levanta todos os dias antes das 5 horas da manhã e que passa horas em ônibus, trem ou metrô para chegar e retornar ao trabalho.
A opinião pública média – despreparada graças à nossa deprimente classe política, em grande medida - só consegue enxergar esses dois atores. Repito: empresários e trabalhadores.
É comum ouvir comentários acerca dos excessos cometidos. Coloca-se foco nos maus empresários e nos maus trabalhadores, como também nos maus sindicalistas. Nada dos políticos.
Não que os maus sindicalistas não existam. Existem, sim, mas são em número infinitamente menor e causam danos muito menores do que os políticos corruptos, que antes viviam escondidos e que agora - graças à passividade do nosso povo - perderam qualquer tipo de pudor, atuando claras e nem aí com a realidade, com o povo e com nossa pátria.
O cenário é esse: empresários e trabalhadores se digladiam por trocados (quando comparamos com os valores que são tirados todos os dias dos cofres públicos sem que nenhuma medida punitiva seja tomada). Aliás, nas raras vezes em que a Polícia prende alguém, a Justiça solta. E solta por quê? Porque são esses próprios corruptos que legislam.
Agora, quando trazemos para o espectro das negociações salariais, é possível dizer que elas são complexas porque, via de regra, os dois lados
têm razão. Os trabalhadores precisam e merecem ganhar mais, até porque eles contribuem de forma decisiva para o crescimento do país. Os empresários também têm suas razões, pois, ainda que, sem dúvida alguma, têm melhores condições do que os trabalhadores, assumem uma responsabilidade gigantesca junto ao Fisco com tantos impostos que o governo impõe ao setor produtivo.
Enquanto se negociam migalhas, enquanto a sociedade sofre com greves, enquanto o povo sofre com demissões para compensar reajustes salariais, enquanto nos Tribunais do Trabalho se acumulam processos e mais processos gerando mais custos para o povo, os corruptos, com a complacência do governo, roubam.
E a crueldade segue. Eles não param por aí. Geram mais impostos, impostos e impostos. Inventam nomes, para enganar o povo. Dizem que o dinheiro irá para a Saúde, para a Educação, para isso, para aquilo.
Até quando?
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