FHC critica 'Marcha da Família' e diz que 'população não quer mudar o regime'
Guilherme Balza*
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou, em entrevista ao UOL, a reedição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", marcada para ocorrer no próximo sábado (22), a partir de 15h, em várias capitais do país.
Herdeira das manifestações ocorridas às vésperas golpe de 1964, as marchas organizadas neste final de semana também defendem a tomada do poder pelos militares e a deposição à força da presidente Dilma Rousseff, assim como ocorreu na década de 60. A exemplo do ocorrido há meio século, os organizadores pedem a intervenção militar para evitar o que chamam de ameaça comunista.
FHC concedeu entrevista exclusiva ao UOL para o especial dos 50 anos do golpe militar. A íntegra da entrevista será publicada na próxima semana.
Para o ex-presidente, a marcha vai contra o espírito dos protestos realizados no país desde junho passado, cujo objetivo é melhorar os serviços públicos, e não mudar o regime político. "As manifestações populares que estão ocorrendo agora não têm o sentimento da marcha. A população não está querendo mudar o regime político", afirmou.
Em 1964, a marcha foi organizada também no dia 22 de março e reuniu centenas de milhares de manifestantes. A partir do ato, os militares entenderam que tinham apoio de uma parcela da população.
Convocação pelo Facebook
As marchas estão sendo convocadas pelo Facebook. Em São Paulo, haverá ao menos duas manifestações do tipo, uma no centro, com cerca de 1.900 presenças confirmadas na rede social, e outra na região do Ibirapuera, onde os manifestantes prometem ir até o Comando Militar do Sudeste e entregar uma carta ao Exército, pedindo intervenção no governo federal.
"Se alguém acredita agora que o governo da Dilma vai levar o Brasil pra não sei aonde e faz Marcha da Família com Deus, está equivocado. Eu acho que temos que ganhar da Dilma no voto", criticou FHC.
Também para o sábado, no mesmo horário, foi convocada uma "Marcha Antifascista", com 5.300 presenças confirmadas no Facebook. A concentração foi marcada para a praça da Sé, mesmo ponto onde termina a "Marcha da Família".
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar ainda não confirmou se reforçará o policiamento para evitar confronto entre integrantes das duas manifestações.
*Produção: Noelle Marques
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