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terça-feira, 11 de março de 2014

SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE TRAGICO

Aposentado precisa provar que está vivo para voltar a receber a aposentadoria
      
10/03/2014 - 22h23 - Atualizado em 11/03/2014 - 09h25
Autor: Viviane Carneiro | vcarneiro@redegazeta.com.br

INSS não paga aposentadoria há 2 meses

Foto: Viviane Carneiro
"Ainda bem que tenho caráter e crédito na praça, e o dono da mercearia disse que eu podia continuar comprando" Marcelino da Silva, aposentado
Imagine chegar no banco e seu salário de aposentado não estar na conta. E pior, ir até uma agência do INSS e lá informarem que você morreu e por isso não está recebendo o benefício. Foi isso que aconteceu com o aposentado Marcelino da Silva, de 86 anos, que mora em Baixo Guandu, Noroeste do Estado. Ele está há dois meses sem o benefício de R$ 724 por conta de erro. 

“Estão falando que morri. Fui no INSS e apresentei meu documento e me disseram que constava que eu tinha morrido. Daí eu disse: estou falando com você, como eu morri? Eu estou cheio de saúde, firme e forte, graças a Deus. Isso tudo deve estar acontecendo deve ser para eu viver mais”, brincou Marcelino. 

O absurdo maior é o que está por trás disso. A aposentadoria do seu Marcelino foi cancelada porque ele tem o mesmo nome de uma pessoa, da Bahia, que morreu. 

O INSS da região afirma que não pode conceder o benefício a Marcelino porque o Cadastro de Pessoa Física (CPF) dele foi cancelado pela Receita Federal. Segundo a filha do aposentado, Vera Lúcia Cabral de Melo, na agência do INSS de Baixo Guandu, o aposentado foi informado que o órgão passaria a situação para o cartório, e que depois telefonaria para ele. Mas se passou um mês e o segurado não obteve retorno. 

“Disseram que para resolver mais rápido era melhor ir à Receita em Colatina. Para nós é difícil, não sabemos nem onde é”, diz a filha. Marcelino acredita que foi erro do órgão, porque ele garante que fez, no ano passado, o cadastro do INSS para provar que está vivo. 

“Nunca vi isso acontecer. Estou sem meu salário, mas estou recebendo ajuda dos meus netos”, contou. 

A última vez que Marcelino recebeu o benefício foi em janeiro. O genro do aposentado Adauto Mateus de Oliveira foi quem o acompanhou no banco no dia 5 de fevereiro, e mais dois dias seguidos, e lá disseram que não havia pagamento.

O neto de Marcelino, Adriano Cabral da Silva, que é com quem ele mora, disse que o avô está muito preocupado e nem dorme direito devido à situação. “Ele sempre foi muito correto com as contas deles, e com isso ele nem dorme direito”.

INSS e Receita não resolvem o problema

INSS diz que fez pedido de reativação do benefício, mas solução depende da ReceitaO maior entrave para seu Marcelino da Silva está na burocracia. Procurado para explicar o que havia ocorrido com o benefício do idoso, o INSS de Baixo Guandu informou que há em Bojuca, na Bahia, um segurado com o mesmo nome de Marcelino da Silva, mesmo número de CPF e nascido no mesmo dia e mês, só com ano diferente. Trata-se de um caso de homônimos. 

O problema é que o aposentado da Bahia morreu, mas o benefício dele e do capixaba foi cancelado. Segundo o técnico de Seguro Social de Baixo Guandu Luiz Carlos Siqueira, o benefício não foi suspenso pela Previdência. Ele explica que o cancelamento foi feito pelo Sistema de Controle de Óbitos (SISOBI), que é nacional e recebe informações dos cartórios, que fazem o registro de óbitos. Como o segurado da Bahia morreu, o sistema se baseou no número de CPF e cessou o benefício dos dois. 

O técnico afirmou que seu Marcelino já fez o pedido de reativação de benefício, mas para que ele volte a receber é necessário que a Receita Federal descubra quem é realmente o titular do CPF, e cancele um dos dois números. 

O delegado da Receita Federal Luiz Antônio Bosser disse que o CPF de Marcelino está regular no sistema da Receita Federal. Se continuar tendo problemas, ele deverá procurar o órgão, em Colatina.

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