Reclamação é de boa parte dos segurados.
Jamil Martildes recebeu benefício até setembro; depois foi considerado apto.
Histórias de segurados do INSS que enfretam problemas na hora de passar pela perícia são frequentes em São Paulo. Boa parte reclama que os médicos particulares e da empresa sugerem o afastamento do trabalho, mas o perito nega o auxílio. Os exemplos são muitos. Jamil Martildes, mecânico de empilhadeira, é um deles. Ele tem hérnia de disco. Em 2005, suas costas travaram e ele tomou remédio, fez fisioterapia e duas cirurgias. O mecânico consegue executar alguns movimentos, mas teve que se afastar do emprego. “Durante o dia, você abaixa e levanta mais de cem vezes e eu já não posso mais fazer essa coisa de ficar flexionando a coluna.”
Até setembro do ano passado ele recebeu o auxílio-doença. Depois, perdeu o benefício porque, segundo o perito do INSS, ele estava apto para trabalhar. Contudo, o médico que trata Jamil diz que ele não tem condições de fazer tudo que fazia antes, assim como o médico do trabalho.
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Sócio de uma clínica de saúde ocupacional, o médico do trabalho Carlos Alberto Dantas diz que a melhor saída é recolocar o paciente em uma nova função, mas muitas empresas são pequenas e não oferecem postos de trabalho variados. “Muitas empresas de grande porte têm até programa de requalificação profissional. Só que a gente tem que lembrar que a grande maioria das empresas é de pequeno porte ou de médio porte.”
“Eu poderia trabalhar num outro setor, numa área de vendas, alguma coisa assim. Só que o INSS não me dá um respaldo nem para uma readaptação profissional e acaba me mandando de volta para a mesma função. E na mesma função, o médico não me libera para trabalhar”, diz o mecânico.
Enquanto a situação de Jamil não se resolve, ele faz bico como motorista para ajudar nos gastos da família, que hoje é mantida com o salário da mulher. “Hoje a gente paga um coisa num mês e deixa outra coisa para pagar no outro. Praticamente está tudo enrolado. A única coisa que consegui manter sem atrasar foi a prestação do carro porque estou usando para fazer o bico.”
O presidente do INSS, Mauro Hauschild, diz que no caso dele é possível passar por um processo de reabilitação profissional por parte da Previdência. "Da mesma forma, cabe à empresa cumprir com sua parte e adaquar o ambiente de trabalho ou o espaço de trabalho para exercer a nova função. Há uma dupla responsabilidade."
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