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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

AS LEIS DO BRASIL-EXEMPLO.


“Lei tem bastante, falta cumpri-las”
Suplente de vereador, cadeirante e fundador da ADEFIC, Nélio Silveira fala que apesar dos avanços, muita coisa ainda precisa ser feita



Nélio Roberto da Silveira, o ‘Nelinho’, 2º suplente de vereador do PPS, fundou em 11 de abril de 1999 a Associação dos Deficientes Físicos de Carazinho, entidade que presidiu até 2008. Sua luta pela acessibilidade teve início ainda em 1996, antes mesmo da criação da ADEFIC. “Ocorreram alguns avanços, mas não podemos esconder que ainda falta muita coisa para se fazer em Carazinho”, avalia, destacando que outro grande problema é a falta de oportunidades de emprego para os cadeirantes. Ele cita como exemplos de conscientização sobre a importância da acessibilidade, a maioria das farmácias, bancos e supermercados, sendo a agência da CEF, considerada por ele, como uma obra modelo. “A Caixa fez tudo no capricho, como deve de ser”, elogia.
Em relação às vias públicas, Nelinho lembra que em 1997, quando assumiu como vereador, trabalhou a questão das rampas nas calçadas, ampliando o projeto de Felipe Sálvia, que se limitava, na época, ao Calçadão. “Fiz trabalhos pedindo rampas para mais pontos da Avenida Flores da Cunha, Avenida Pátria e outros lugares”, recorda.
 
No entanto, apesar de hoje existirem mais rampas, a falta de manutenção está dificultando o acesso em muitas delas, que apresentam valetas e até mesmo esburacadas. “Como uso bicicleta consigo passar, mas cadeiras de rodas ou carrinhos de bebês já trancam”, explica.  Nelinho lamenta que na esquina próxima da Câmara de Vereadores, uma rampa foi construída ao lado de um bueiro, o que pode trancar uma roda e o cadeirante, com isso, corre o risco de ser atropelado por um veículo, já que a via é de fluxo intenso.


(Nelinho solicita abertura de entrada junto ao canteiro divisor de via, em frente aos Correios / FOTOS DM/SÉRGIO CORNÉLIO)
 
NOVAS ENTRADAS NOS CANTEIROS CENTRAIS
O ativista pede à Municipalidade, para que sejam feitas pelo menos mais duas entradas nos canteiros centrais da Avenida Flores da Cunha, para que os deficientes possam atravessar de uma calçada a outra, como ocorre no Calçadão ou em frente ao prédio do antigo Clube Comercial. O ideal, segundo ele, seria uma abertura em frente aos Correios, onde o canteiro divisor de via é bem alto e próximo ao Camelódromo, outro ponto de grande circulação de pessoas e veículos. “No canteiro em frente dos Correios já vi uma idosa cair e outros atravessarem com dificuldades. O problema não é apenas para os deficientes”, argumenta o cadeirante, complementando que “é só abrir os canteiros, isso não gera nenhum custo para os cofres do Município e vai facilitar a vida de muita gente”, observa.
 
Nelinho lamenta ainda, que apesar de a Biblioteca Municipal Dr. Guilherme Schultz Filho oferecer acessibilidade aos deficientes, a calçada pública em frente ao prédio não dispõe de nenhuma rampa para cadeiras de rodas. Ele também questiona se o Município irá oferecer banheiro público para deficientes, junto aos sanitários que serão construídos na Gare. “Na Praça Albino Hillebrand tem, mas falta suporte, barras para se segurar e o vaso está frouxo”, revela.


(Algumas rampas de acesso estão precárias e necessitam de reparos urgentes / )
 
FALTAM RESULTADOS MAIS POSITIVOS 
Ele entende que hoje as entidades dos deficientes estão mais unidas, porém faltam resultados mais positivo nas ações. “Lei tem bastante, falta cumpri-las”, enfatiza. Nelinho diz que também falta maior iniciativa por parte dos portadores de deficiência. “Uma ou duas andorinhas só não fazem verão, temos que fazer barulho. Hoje Carazinho tem mais de duas mil pessoas com algum tipo de deficiência, mas poucos reivindicam”, critica. Em sua opinião, os motivos são o medo e a vergonha de sair. “Eles próprios têm preconceito”, garante. Questionado sobre a nota que daria para a acessibilidade em Carazinho, de 1 a 10, ele responde: “Dou cinco, pois entendo que ainda falta muita melhoria”, conclui.  

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