2 kg de carne e a balança da (In) Justiça brasileira

É muito difícil vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.

Ariano Suassuna

Todo dia ouvimos falar de mais uma operação da Polícia Federal no encalço de pessoas que acham sempre um jeitinho de desviar dinheiro público para suas contas particulares. São quadrilhas que se formam para cobrar propinas, combinar resultados de concorrências, apagar débitos de tributos à custa de mais propina e desvio de verbas, de toda origem, tendo sempre à frente um ou mais partidos políticos e os mesmos e manjados indivíduos, que ficam ricos à custa da miséria do povo. E a (In) Justiça Brasileira assiste a tudo impassível, mas sempre pendendo, quando

provocada, a tomar partido dos corruptos e corruptores, como se os excelentíssimos juízes e ministros de cortes superiores estivessem a serviço do crime organizado. Lógico, com algumas exceções, que também não são muitas, porque sentar em cima de um processo, milhares deles e não julgar, não é fazer justiça. E é o que mais ocorre no Brasil, onde tem juiz que atua como se fosse advogado de defesa da banda podre, como temos exemplos até no Supremo Tribunal Federal, onde a presidência da república usa de suas prerrogativas para aparelhar esta corte para que aliviem a pena de políticos corruptos e companheiros de seu partido.
Operação Zelotes ameaça naufragar

Dois fatos vieram à tona esta semana que merecem ser discutidos. O primeiro é relativo à Operação Zelotes, da Polícia Federal que, apesar de saberem ter existido um esquema criminoso tão grande como o PTrolão, ou maior, a coisa não anda, porque o titular da 10ª Vara Federal do DF Juiz Ricardo Leite não aprova os pedidos dos Promotores para quebrar os sigilos. Além disso, negou 26 pedidos de prisão preventiva dos envolvidos na quadrilha, que desviou mais de R$ 19 bilhões, com participação de grandes empresários e escritórios de advocacia.

O outro lado: O caso de um desempregado do Distrito Federal

O eletricista desempregado Mário Ferreira Lima, de 47 anos, morador da cidade Jardim Ingá, periferia pobre de Brasília, foi preso no dia 13/5/2015, quando tentava sair de um mercado local com 2 kg de carne escondidos na bolsa. O fato foi flagrado pelas câmeras de segurança e a polícia foi chamada para apurar o caso.

O Sr. Mário fazendo ovos em fogão improvisado
com lenha, por não ter gás no fogão.

Mário foi preso em sua casa e levado para a delegacia, mas quando interrogado teve um desmaio. Os policiais então perguntaram a ele se estava doente e o senhor respondeu que estava com fome, porque tinha dois dias que não comia, para deixar o pão que tinha em casa para alimentar o filho de 12 anos, já que não tinha dinheiro para nada. Mário disse ainda que cuidava sozinho do filho e que sua mulher, que passara oito meses hospitalizada, estava morando com um outro filho, por que, na situação em que se encontrava, não tinha como cuidar dela e do filho, que também tinha problema e necessitava de cuidados.

Mário com o agente Ricardo depois das compras
na casa humilde do eletricista desempregado

Mário foi libertado depois de ter a fiança, de R$ 270,00, paga por uma agente do Distrito Federal. O que aconteceu, quando da prisão de Mário, é que os agentes ao chegarem em sua casa viram que não havia comida, nem itens de higiene pessoal, nem gás de cozinha. A justificativa dada por Mário para tentar furtar a carne, seria utilizá-la para alimentar seu filho. O agente Ricardo Machado se comoveu e reuniu os amigos para ajudar. Os policiais organizaram uma vaquinha no final da tarde e fizeram compras para o eletricista e ainda deram a ele os R$ 30,00 para pagar a carne.
Tenha a certeza - Este caso só teve um desfecho positivo porque os agentes policiais compreenderam a gravidade da situação do desempregado e tiveram a sensibilidade para tomar partido. Se o Sr. Mário ficasse dependendo de um desses juízes que se acham o próprio Deus, mofaria na cadeia, pela preguiça de muitos juízes brasileiros.

Parabéns aos agentes policiais, pelo espírito solidário. Com certeza este gesto nobre de vocês será imensamente recompensado pela bênção divina.

O eletricista Mário (camiseta cinza) e os agentes que o ajudaram

Quem sabe meus amigos aí do Distrito Federal não mobilizam para ajudar o Senhor Mário Ferreira Lima a encontrar um novo emprego e sair desta situação difícil?
Façam apelo para os empresários locais. Talvez, criar uma Campanha.
O Facebook está aí também para isto!

Enquanto tantos sofrem, o famigerado governo petista, a cada dia, encontra um jeito mais criativo de desviar dinheiro público e arrochar os trabalhadores.

PTralha super alimentado.